Há pouco mais de uma década, ao lado de nomes até hoje sonantes como Lizha James, Dama do Bling, Marllen, Ziqo e DJ Ardiles, Doppaz era um rei na música romântica moçambicana.
Eram os tempos áureos do pandza, com o saudoso Bang a produzir grandes espectáculos em redor do país, e com hits como Eu Jurarei e Olhos Sonhadores a serem entoados por fãs apaixonados.
Doppaz tem uma obra de mérito, dona de todos os aplausos. Porém, como muito fala-se no meio musical, um cantor tem sempre prazo de validade: um dia o sucesso acaba.
O sucesso de Doppaz acabou há alguns anos. Nada do que ele lançou nos últimos cinco anos roçou o cobiçado tecto do sucesso.
O cantor agora vem chamando a atenção de outra forma: com vídeos estranhos nos quais aparece a dizer absurdos ou falas constrangedoras ou quase engraçadas.
E tudo isso embalado numa imagem desleixada e quase moribunda dele.
Detenção
Na noite do último domingo (06), o cantor foi detido pelas autoridades de polícia e flashs das imagens dessa detenção foram partilhadas com exclusividade por Fred Jossias.
Imediatamente, tais imagens correram o país e na segunda-feira seguinte (07) o assunto ganhou todos os fóruns.
Não se sabia o porquê da detenção e quando se soube, depois de muitas horas de especulações e críticas, um sentimento irracional de empatia tomou conta da nação.
Muita gente elevou a voz para dizer que a prisão era um abuso de poder e constituía um cerceamento da liberdade de expressão.
Pois bem, o que levara Doppaz à detenção foi um vídeo no qual ele aparece a dizer que alguém devia matar o Presidente da República de Moçambique e o seu filho.
Para muitos, o cantor dissera isso num momento de brincadeira, tomado de inocência, sem querer incitar ninguém a pensar em cometer tal acto.
Em corro, nas redes sociais, muitas classes, principalmente a artística, pedia a sua libertação.
Nunca Doppaz foi tão falado em tantos fóruns, até em fóruns que o desconheciam.
É importante entender que, o Presidente da República, mais do que uma pessoa, é uma instituição do Estado, que qualquer um pode tecer críticas à-vontade, mas é um crime grave falar em matar essa instituição, não importa se for em tom de brincadeira ou de ironia.
Críticas contra o Presidente até quem escreve este texto tem, mas não é porque não se gosta, não se tolera, não se compactua, não se concorda, que se pode falar em “matar” qualquer pessoa que seja.
Isso é gravíssimo.
Libertação
Na terça-feira (08), a justiça comunicou que o cantor seria liberto mediante o pagamento de uma caução irrisória de 60 mil meticais.
Houve festa em todos os cantos e, após o valor ter sido pago e toda a burocracia ter sido cumprida, ontem (10) Doppaz foi posto em liberdade.
Com todo este escândalo, o cantor está a ter a rara oportunidade de relançar a sua carreira.
Que tal entrar imediatamente num estúdio e fabricar um hit para ser lançado já?
Há muita gente que merece descobrir ou redescobrir o talento de Doppaz.